De Lima seguimos para Paracas, uma reserva ambiental
no litoral peruano, a 270Km da capital.
O trajeto dessa vez foi feito de ônibus. Em Lima não
existe uma rodoviária única, mas sim um terminal da própria companhia de
ônibus, usado somente para os trajetos operados por ela. Escolhemos a Oltursa,
que possui um excelente serviço. Além do ônibus confortável e bem conservado, o
serviço de bordo é ótimo. Viajamos na primeira fileira em um daqueles ônibus de
dois andares, o que nos permitiu apreciar a vista da estrada durante todo o
trajeto.
A estrada foi construída no meio de um deserto sem
fim. Exceto por algumas poucas cidadezinhas ao longo do caminho, tudo o que se
vê, de um lado e de outro, é uma paisagem única, marrom, plana e árida. Como eu
nunca havia estado em um deserto, achei tudo aquilo o máximo.
De repente fomos surpreendidos pelo mar, margeando o
deserto à sua direita. Incrível! Estávamos presenciando o encontro do deserto
com o mar: um contraste extremo e belíssimo.
Nas poucas cidades ao longo do caminho pudemos notar a
enorme pobreza do interior do país. As casas são todas inacabadas, feitas de
barro. As ruas são caóticas, com dezenas de tuc-tuc’s e carros sendo dirigidos
sem nenhuma prudência.
Retrato típico do interior do Peru |
O tempo estava nublado o tempo todo, nem um pouco
diferente da paisagem nublada de Lima. Mas de uma hora pra outra o céu abriu e
o dia ficou lindo!
Chegamos em Paracas, deixamos as coisas no hotel e fomos
direto conhecer a Reserva.
- Reserva
Nacional de Paracas
Andamos alguns minutos pelo deserto e de repente se
abriu na nossa frente uma das paisagens mais bonitas que já vimos em nossas
vidas: o imenso deserto marrom termina em um enorme penhasco de frente para um
mar de tons azul escuro e verde, de uma cor muito viva.
O deserto... |
O mar... |
E o contraste. |
O contraste das cores é lindíssimo... fica
difícil saber se a paisagem é mais bonita quando olhamos pra esquerda ou pra
direita, porque é tudo muito impressionante. De babar! Mesmo quando olhamos
para traz, e vemos apenas aquele deserto enorme e constatamos que estamos no
meio do nada, a paisagem permanece deslumbrante.
Paracas foi, desde o início, surpreendente. Uma
paisagem completamente inesperada, que superou qualquer expectativa. Nenhuma
foto é capaz de dar sequer uma noção da beleza deste lugar tão inusitado: o
encontro do deserto com o mar é uma visão alucinante.
Dentro da reserva fomos a diversos mirantes, e não é
possível identificar qual deles é o mais bonito. Ao fim, chegamos em uma praia,
onde pudemos avistar o mar com o deserto ao fundo... o contraste do branco da
espuma das ondas com a areia do deserto surpreendia a cada olhar.
Próximo a esta praia fica uma vila de pescadores, onde
paramos para almoçar no meio dos pelicanos. Lá é possível comer peixes e frutos
do mar pescados na hora. Comemos chincharrones de lula (lula a milanesa).
Apesar da simplicidade do lugar, comemos muito bem.
O passeio termina em um pequeno museu dentro da
reserva e em um mirador de flamingos. O museu não tem a menor graça,
considerando toda a beleza que já tínhamos presenciado ao ar livre e ao vivo, e
o mirador é uma grande enganação, pois, embora os flamingos estejam de fato lá,
e aos montes, os turistas só podem chegar até certo ponto da ilha, ponto do
qual é impossível ver qualquer coisa. O final era até dispensável, mas tudo
bem, pois este lugar é simplesmente maravilhoso e imperdível.
A noite fomos a um dos poucos bares da cidade. O
centro é até bastante ajeitadinho, tem um calçadão na beira do mar, com bares e
restaurantes. Mas estava muito frio, o que espantou os turistas e deixou o
lugar meio vazio. Paracas é a cidade onde os ricos peruanos têm casas de verão. O problema é que estávamos completamente
fora da temporada.
No bar experimentamos mais um prato típico do Peru, a Jalea.
Um misto de peixes e frutos do mar empanados. Delicioso.
-
Hospedagem:
Hotel
Mirador de Paracas – O hotel é muito
simples, com quartos fracos, bem básicos, mas limpos. Foi sem dúvida o pior de
toda a viagem, mas nada que atrapalhasse. Não tivemos problemas com o chuveiro
e a cama era confortável. O café da manhã, embora servido individualmente na
mesa, era satisfatório, com direito a ovos, pão e geléia. A área externa do
hotel é que é o diferencial. Tem uma piscina enorme, churrasqueira e bar, mas,
como estava frio, não teve utilidade nenhuma pra gente.
- Ilhas
Ballestas
No dia seguinte acordamos com o tempo extremamente
ruim... muito frio e nublado... uma pena, pois teríamos que encarar um passeio
de barco com muito vento. Sem contar a visibilidade prejudicada.
Pegamos a lancha para o passeio para as Ilhas Ballestas
no centro de Paracas. Logo na saída do barco, em menos de 2 minutos, já paramos
para assistir aos golfinhos. Eram muitos, pulando sempre, às vezes em trios.
São lindíssimos esses animais, mas pudemos vê-los muito pouco, apenas nos
milésimos de segundos em que saltavam para fora da água. Mesmo assim
valeu a pena.
Logo depois paramos para observar uma ilha de pelicanos.
Andamos alguns minutos no mar. O frio estava
insuportável e o vento cortante. Isso sem contar as vezes em que a água entrava
na lancha, molhando a todos. Para esse passeio é essencial estar bem
agasalhado, com um corta-vento e com acessórios para cobrir nariz e orelhas.
Chegamos então ao famoso desenho do candelabro,
esculpido em uma montanha.
A visibilidade estava muito ruim, então não deu pra
apreciar muito bem o desenho. De qualquer forma é impressionante imaginar que
aquilo está ali há séculos. Um desenho enorme, escavado por alguém em uma pedra
que mais parece uma duna de areia. Não se sabe o que significa, porque foi
feito e, mais ainda, como está ali, intacto, até hoje... impressionante! Mais
uma das lendas e mistérios do Peru.
Seguimos em frente, dessa vez por bastante tempo
(cerca de meia hora, em alta velocidade, com aquele vento cortante - brrrrr), e
chegamos a uma ilha de lobos-do-mar.
São milhares deles! Quando os lobos
avistaram a lancha muitos entraram no mar e chegaram bem perto da gente, parece
até que estavam fazendo graça para os turistas.
Eles fazem um barulho muito
alto (parecem estar cantando) e têm um cheiro horrível!!! Mesmo assim são
muitos fofos esses bichinhos.
Em seguida, após andar mais um pouco, chegamos
finalmente às Ilhas Ballestas.
Uma das belas formações rochosas das Ilhas Ballestas |
É um conjunto de várias ilhas lotadas de
pássaros. Muitos mesmo, de várias espécies, alguns voando, outros pousados nas
ilhas... olhando de longe parece até que as rochas são brancas, de tantos pássaros.
E no meio de tantos pássaros, alguns pingüins, o ponto alto da visita à ilha. Pudemos
avistar vários, lindos e imponentes.
Em uma das ilhas pudemos ver também vários
leões-marinhos, bem maiores e menos barulhentos que os lobos-do-mar.
O passeio pelas Ilhas Ballestas é imperdível,
mesmo no frio. Uma oportunidade incrível de observar a fauna marinha e as beleza naturais de um lugar único no mundo.
Oi, você pode me informar a época que você foi. Quero ir em Março, não se se é uma época boa.
ResponderExcluirObrigada!!!
Oi Cláudia. A melhor época para visitar o Peru como um todo é agosto/setembro, porque não chove. Em Paracas chove pouco o ano todo, então março pode ser uma boa, até porque o clima é mais quente e você pode curtir mais a praia. Como fui no inverno estava tudo vazio e não deu pra dar nenhum mergulho. A temporada de lá é mesmo no verão. Agora, se você for pea Machu Piccho março é bem arriscado, pq ainda chove bastante ou o tempo pode estar muito nublado, o que pode atrapalhar a visita.
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