Sempre
sonhei em conhecer Cuba. Havana estava no topo da minha lista de desejos há
muito tempo e eu fazia questão de visitar o país antes da morte de Fidel.
A morte de
Fidel foi o limite que estabeleci intuitivamente, porque era a Cuba de Fidel
que eu queria conhecer (ainda que ele não fosse mais o governante do país).
Isso porque sempre associei a continuidade do regime comunista do país à figura
de Fidel (puro “achismo”).
Na minha
busca constante por contextos totalmente diferentes do meu, queria entender
como aquela pequena ilha poderia funcionar em um regime tão incompatível com o
do restante do mundo. Como serial, afinal, o comunismo de Cuba, assim, ao vivo
e a cores?
Os pequenos
e constantes indícios de abertura do regime me deixavam cada dia mais inquieta:
precisava ir pra Cuba o mais rápido possível.
Em dezembro
de 2012, pude finalmente aterrissar em Havana.
O comunismo
ainda está lá, bem mais flexível, é claro, mas nada que deixe a viagem menos
interessante. Muito pelo contrário. Perceber como os cubanos estão se adaptando
às mudanças implementadas pelo governo é ter a chance de presenciar a história
no exato momento em que ela se constrói. E isso é muito empolgante.
E para minha
satisfação, meu achismo não era tão infundado assim: embora o país seja hoje
governado por Raul, é a imagem de Fidel que prevalece a cada esquina. A imagem
do herói da revolução.
Toda essa história de revolução, comunismo e abertura já é mais do que suficiente pra matar de vontade qualquer viajante curioso. Mas isso não é tudo. Havana é charmosa, instigante, viva e boêmia. É uma cidade que canta e dança ao som da salsa e do Buena Vista Social Club. É a cidade do rum, do mojito e do daiquiri. É a cidade do charuto, dos cabarés e dos carros antigos que desfilam pelo trânsito da capital. É ainda a cidade dos contrastes: o contraste das ondas azuis do caribe quebrando esplendorosas no Malecon, contra o cenário de guerra dos edifícios destruídos da orla; o contraste da beleza da Praça da Catedral (uma das mais bonitas que já visitei, botando no chinelo boa parte das praças da Europa) com a vizinhança mal conservada, literalmente caindo aos pedaços, da cidade velha; o contraste do peso cubano com o peso conversível (sim, Cuba tem duas moedas, uma para o povo e outra para os turistas); entre muitos outros.
O swing já nasce com os cubanos... |
As ondas estourando e inundando o Malecon são marca registrada de Havana |
Tudo pra turista ver?
Vá e tire suas conclusões. Mas antes de formar sua opinião, converse. Converse muito. O mais interessante de Havana é poder ouvir dos próprios cubanos tudo o que você precisa para desmistificar qualquer versão sobre o tão falado regime dos irmãos Castro.
Não te convenci?
Então encante-se por Havana sem precisar sequer sair do lugar.
A Viajante.